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Na Sala com Paula Lice

Paula Lice é atriz, diretora e performer. É também professora de Design do Espetáculo, na Universidade Federal do Recôncavo Baiano. Escreve para teatro, cinema e TV. É graduada em Letras, com mestrado em Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura, e tem doutorado em Artes Cênicas, todos pela UFBA.

Em 2017, faz sua estreia como “artista visual”, já que é uma das seis artistas convidadas por Alexandre Guimarães para assumir um dos espaços da Galeria ENTRE*. Paula ficará responsável pela “Sala”, oferecendo um trabalho que vem sendo construído a partir das provocações surgidas do contato com a wearable oferecida a ela pelo designer.

Justiça seja feita, o trabalho colaborativo está longe de ser uma novidade para ela. Desde 2011, Paula Lice mantem a Pequena Sala de Ideias, território de colaboração criativa que reúne os trabalhos que cria e produz com outros artistas. Nesse processo destacam-se os espetáculos de dança “As Borboletas” e “Masturbatório”; os trabalhos-solo “Isto não é uma mala”, “Pogobol” e “Parece Bolero”; e o documentário em curta-metragem “Jessy” (Júri Popular Festival do Rio 2013, Melhor Curta Nacional no Panorama Coisa de Cinema 2013 e no Cine Ceará 2013, Melhor Atriz, Prêmio ABD/APECI Melhor Curta Nacional do Festival de Cinema de Triunfo 2013 e Melhor Roteiro no Cine Taquary 2013).

Conversamos com Paula sobre esse novo momento e dividimos aqui algumas pistas do que encontrar em sua sala:

Detalhe da vestimenta dada a Paula Lice.

Quais foram os seus primeiros pensamentos quando Alexandre lhe entregou a Wearable que faz parte do seu processo de criação?

Paula Lice – Bem, houve um primeiro susto muito positivo com relação à cor, um rosa com nuances de roxo, que me remeteu diretamente ao universo drag que eu adoro – a Elke Maravilha, primordialmente, e a Jéssica Cristopherry, minha persona drag que surge da minha admiração por Elke e pelo universo drag.

Você pretende utilizá-la no resultado final de sua proposta ou ela estará diluída no conceito da obra que você irá mostrar?

Paula Lice – Já estou utilizando. Ela surge no meu corpo, na minha montação, em quadros que estarão expostos. Em realidade, a roupa é tão inspiradora que não terei como evitar um próximo solo que já está palpitando no coração.

Por que você acha que Alexandre lhe designou a “Sala” como espaço da Galeria ENTRE?

Paula Lice – A primeira coisa que me vem em mente é a minha Pequena Sala de Ideias, que é o nome/marca que utilizo para nomear meus trabalhos autorais; uma espécie de selo que orienta minha relação com autoria e colaboração artística. Mas pode simplesmente ter sido por vários outros motivos. Ele tá guardando segredo!

Suas experiências de atriz, diretora e dramaturga darão alguma contribuição para o resultado final da obra que você vai criar?

Paula Lice – Total contribuição, esse resultado, aliás, qualquer coisa que a gente produz é resultado daquilo que nos atravessa, e eu sou completamente permeada por essas expansões que vou vivendo. É uma instalação que dialoga com a poesia, com a cena, comigo como performer. Acredito, inclusive, que Alexandre, não à toa, procurou convocar pessoas com experiências de vida muito distintas. A delícia é justamente ver como cada um de nós vai ler e criar para a casa, pensando nessa roupa-presente-dispositivo em relação a si e ao espaço. Eu, pessoalmente, ando suspirando pelo casamento de tantas metáforas; a casa é uma imagem recorrente nas coisas que escrevo e poder materializar uma obra-casa tem sido um verdadeiro presente.

Você tem se debruçado sobre algum tema, em especial, durante esse processo?

Paula Lice – Estou sempre conversando comigo mesma e com quem assiste/lê as coisas que eu faço sobre os mistérios de crescer e continuar pequeno, ou encolher continuando grande, assumir-se adulto sem matar a ludicidade, brincar com nossa criança interna sem deixar de exercer a “adultice” igualmente necessária... Tudo isso entre um copo e outro de poesia, e humor, para não engasgar.

Como você descreveria o trabalho que está desenvolvendo para a Galeria ENTRE?

Paula Lice – Eu sintetizaria como uma brincadeira, algo como “Paula Alice no país de Elke Maravilha”. Revisitei um texto que escrevi, quando da morte de Elke, e ele me levou diretamente para Alice no País das Maravilhas. Reli o livro, revi entrevistas com Elke e fui pensando em como tornar meu corpo presente através dos recursos possíveis para a instalação. Tenho então um ambiente que lida com o tema que mais aprecio e mais me inquieta: crescer como um aprendizado constante e não linear. Na minha leitura, Alice se amplia do livro ao meu nome, passando por minha avó paterna, alinhavando memória, auto-ficção, documento, humor, poesia e muita água maravilha!

Para saber mais sobre Paula Lice, confira a entrevista dada por ela para a Revista Barril, em setembro de 2016:

*Com entrada franca, a Galeria ENTRE estará aberta ao público a partir do dia 06 de abril e até o dia 07 de maio, sempre de quarta a sábado, das 14h às 20h, e aos domingos, das 14 às 18h, numa casa do boêmio bairro do Rio Vermelho (Rua Odilon Santos, 190). O projeto foi contemplado pelo Edital 06/16 Setorial de Artes Visuais do Fundo de Cultura do Governo do Estado da Bahia.

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